sábado, março 12, 2005

"A volta para casa"

(escrito no domingo, dia 30 de janeiro)

Na volta de ontem, acabou que fui mesmo deixar a Aninha em casa. Mas, ao chegar a um cruzamento a poucos metros do bar, virei à esquerda, quando na verdade deveria ter tomado a direita. Fui parar em frente a uma praça retangular enlameada, repleta daqueles brinquedos infantis, como escorregas, gangorras, trepa-trepas, etc. Quando ainda estava olhando em volta do lugar, tentando me localizar de alguma maneira, vejo subitamente uma criatura hedionda e gigantesca surgir por debaixo da lama, derrubando até alguns dos brinquedos da praça. Com uma força descomunal, arrancou bruscamente o trepa-trepa do chão e engoliu-o de uma só vez (sem ao menos mastigar!). Eu e Aninha olhávamos para aquilo completamente paralisados, sem acreditar na visão aterrorizante que estávamos presenciando. De repente, já parecendo estar saciado com a deglutição do trepa-trepa, o ser passou a arremessar os outros brinquedos em cima de nós. A gangorra chegou inclusive a arrancar nosso espelho retrovisor esquerdo. Desesperado, mas finalmente esboçando algum tipo de reação, engatei a primeira e tentei sair com o carro em disparada. Visivelmente desagradado, o monstro mostrou mais um de seus dotes e cuspiu uma enorme bola de fogo, colocando meu veículo completamente em chamas. Era uma cena digna de filme. Continuei acelerando o máximo que podia e virei a esquina, saindo finalmente de seu alcance. Mas as chamas continuavam, cada vez mais, tomando conta do carro... Nesse momento a fumaça já estava a ponto de nos sufocar. Num pensamento rápido, dei uma guinada com o volante e atirei o Palio no canal, poupando com isso nossas vidas. Tive de ajudar Aninha, ainda em estado de choque, a nadar até a margem. Por estar completamente desmaiada, carreguei-a no colo durante toda a caminhada de intermináveis quilômetros até sua casa. Lá, sua mãe, bastante assustada, deu-lhe um banho e colocou-a para dormir. Também foi bastante gentil comigo, me oferecendo chá quente e cobertor para passar a noite. Apesar dos pesadelos horríveis ao longo de toda a madrugada, consegui, finalmente, repousar com um mínimo de paz.

Pior é depois ouvir as pessoas reclamarem quando chamo a Barra da Tijuca ou o Recreio de "pântano".

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OK, está bem, admito, não fui nem eu quem deu carona para a Aninha na saída do Shennanigan's (sei lá como se escreve essa porcaria). Foi a Roberta, que tinha parado o carro mais perto do bar... Não me pergunte o que deu em mim quando resolvi escrever esse texto.

Eu sei, algo me diz que preciso parar de ficar vendo filmes de terror com tanta frequência.