O Bonequinho desistiu
Isto foi na época em que fui ver “A Chave Mestra” no cinema.
Não sei se vocês já tiveram a oportunidade de ver este filme. Trata-se de um daqueles suspenses metidos a terror (ou o contrário) que beiram o insuportável. Tem-se de tudo que é mais convencional: “a menina boazinha que vai trabalhar de babá de velhinho na casa esquisita afastada da cidade”, “a velha mau-humorada e misteriosa responsável pela contratação da babá”, além do clássico “advogado bem-tratado da família da casa”, que é colocado ali puramente para ganhar a simpatia e confidência da pobre menina.
Colocando a história para girar em torno destes 3 personagens no mesmo local durante 1 hora e meia (local este que nada mais é do que a sombria casa amaldiçoada que serve de abrigo à velhinha e seu adoentado esposo), o filme é completamente parado, sem sal e desinteressante, além de não ser capaz de dar um susto sequer na platéia. Se não fosse pela minha companhia na ocasião, teria facilmente ido embora na metade da sessão, me juntando à exibição de “Os Incríveis” que ainda ocorria na sala ao lado.
Mas não o fiz e, para minha surpresa, o roteirista simplesmente se redimiu de todas as formas possíveis no final da história. Sério, aquele foi um dos finais mais sensacionais, surpreendentes e bem bolados que já vi em toda a minha vida! Os créditos começaram a subir e eu ainda estava ali sentado, de olhos arregalados e boca aberta, estupefato com a genialidade do responsável por desfecho tão magnífico.
Viro-me para ela, já pronto para lhe contar de todo o estado de admiração em que me encontrava, quando a senhora sentada a 2 cadeiras da gente se levanta:
- Meu Deus, mas que filme péssimo!!!
Pego de surpresa por exclamação tão espontânea, sincera e indignada, cheguei a me esquecer por alguns instantes do que ia falar.
Antes mesmo que eu pudesse refletir sobre o ocorrido, o gordinho à nossa frente, que passou o filme inteiro mastigando um interminável saco de pipocas, também se levantou:
- Este é o pior filme que já vi nos últimos tempos!!!
Ainda que um pouco desagradado com as opiniões contrárias à minha, realçadas pelas reações um tanto quanto enfáticas de ambos os espectadores, tentei retomar o meu ponto:
- Nossa, mas você não achou que...
Quando então o garotinho atrás da gente, enfurecido, solta aquela que é a frase mais velha e batida de todas, aquela que, dentre as sentenças passíveis de serem desferidas contra um filme de terror, é certamente a mais desprezível:
- Mas esse filme era pra rir ou pra assustar?!?!?!
Depois dessa me rendi em definitivo e desisti de prestar qualquer elogio ao filme, suplantado e convencido pela unanimidade gerada pelos meus companheiros de sala de cinema. Ela:
- Marcelo, você não ia falar alguma coisa??
- Ahn, eu? Ah, nada não..... Filminho ruim, né?
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